Ir e Vir: Imagens de um viajante
sexta-feira, 16 de abril de 2021
domingo, 21 de março de 2021
A história do armário Era um rapaz bem apessoado, estava estudando direito e
ainda morava na casa dos pais. Resolveu nas férias viajar e como tinha
economizado algum dinheiro, trocou em euros e os pais lhe deram de presente uma
passagem para a Europa, mais precisamente para Frankfurt. Assim, poderia
conhecer alguma universidade na Alemanha para depois de formado, onde pretendia
fazer um doutorado ou mestrado, foi o que disse para os pais, quando agradeceu o
presente. Ele era de origem alemã, mas os pais, já haviam nascido no Brasil. Seu
nome era Norberto Schuster, e ele era um rapaz bonito, com um cabelo louro, pele
clara, corpo esbelto e como falava o alemão desde pequeno, antes do português,
estava muito confiante em viajar e conhecer outras pessoas e outros lugares. Ele
tinha um plano, como havia comprado o Europass, que era uma passagem de trem que
podia viajar por toda a Europa, em primeira classe, ele tinha imaginado tomar o
primeiro trem que saísse da estação ferroviária de Frankfurt, sem escolher o
lugar, a direção, para onde iria, se para o norte ou para o sul e em dado
momento, quando o trem parasse numa estação, ele desceria e conheceria a cidade,
ficaria dois ou três dias e assim sucessivamente, até completar um mês, quando
voltaria para o Brasil. Embarcou no avião, contente, e já imaginando os lugares
que não foram escolhidos e seriam visitados na casualidade. Quando chegou no
aeroporto de Frankfurt, depois de mostrar o passaporte e após pegar a sua
pequena valise, dirigiu-se, seguindo as indicações das placas, para a estação de
trem, não olhou de propósito, para onde o trem se dirigia, porque pretendia
descer em algum lugar que o trem parasse. Encontrou um lugar perto da saída,
olhou em volta para os companheiros de viagem e percebeu que eram muito poucos,
um senhor elegante, com uma gravata azul em pois, sentado muito ereto e
empertigado olhando pela janela, mas dava a impressão que na verdade não olhava,
pensava. Mais adiante, uma senhora muito gorda, sentada quase que ocupando dois
lugares, vestida de negro, mas com um lenço enfeitado com rosas na cabeça com
cabelos grisalhos com algumas mechas aparecendo na altura da testa. Parecia um
pouco triste e desamparada, na frete dela duas menina, com vestidos iguais, com
golas brancas de piquê, estavam sentadas, olhavam e abanavam para fora enquanto
a chamavam de vovó. Em seguida, após um estridente apito, o trem iniciou uma
marcha silenciosa que foi acelerando aos poucos enquanto Norbert olhava pela
janela as casas da periferia da cidade iam passando, no início ele podia
destacar com certa minúcia, o frontão de uma casa, uma janela aberta, um jardim
com flores, um portão de garagem, um pequeno edifício amarelo, uma loja com
portas verdes, mas em seguida a paisagem foi passando mais rápida. Norberto
tinha escolhido o RB (Regional Bahn) os tradicionais pinga-pinga, que são usados
para viagens entre cidades próximas, são mais lentos e fazem diversas paradas.
Depois de acomodar sua pequena valise no compartimento acima de sua poltrona,
sentou-se comodamente e tirou da mochila um jornal que havia pegado no
aeroporto. Mas apenas leu os primeiros títulos do jornal, seus olhos se fecharam
e ele adormeceu, porque estava cansado da viagem de avião. Acordou quando o
funcionário ferroviário pediu-lhe o tíquete da viagem, então viu que tinha
dormido uma meia hora e que muitas estações já haviam passado, resolveu, assim,
descer na próxima estação, quando viu que já estava anoitecendo. Não demorou
muito o trem diminuiu a velocidade e parou numa pequena estação, onde algumas
pessoas esperavam puxando suas valises. Norberto, também puxando sua mala,
aproximou-se da porta, e tratou de sair antes que os próximos viajantes
entrassem. Viu um homem aproximar-se e perguntar se ele já tinha um hotel, mas
como falou tão rápido e com um dialeto da região, ele não entendeu e apenas
sacudiu a cabeça num gesto negativo. De propósito não leu a placa que estampava
o nome da cidade, no portão de saída da estação. Atravessou a rua e iniciou a
caminhar numa rua larga, com pouco movimento de carros e um grande número de
placas indicando hotéis. Norberto, continuou andando, olhando para as casas
todas muito conservadas, algumas com travejamento à vista, outras com enxaimel e
às fachadas enfeitadas com desenhos. Encantado com os jardins floridos e bem
cuidados, ele encontrou uma praça em forma retangular com algumas árvores, como
faias e bétulas, além de esmerados canteiros com centáureas, flor nacional da
Alemanha. Num canto da praça, viu um hotel que alugava quarto por dia e para lá
se dirigiu pensando que nesta cidade não tem muita coisa para se ver. Depois de
entregar seu cartão de crédito e dizer que queria ficar apenas dois dias e disse
que tinha vindo à negócios, quando foi perguntado e seguiu a senhora que o tinha
atendido, até o segundo andar. Entrou no quarto depois de receber a chave e se
informar da hora do café da manhã. O quarto era pequeno, havia uma janela com
persianas verdes que abriam para a praça, além de uma cama de casal com um
pequeno dossel, que ele não conhecia e achou estranho. Encostado na parede, aos
pés da cama, tinha um grande armário em estilo alemão, muito largo, com dois
gavetões na parte de baixo. Ainda uma prateleira de vidro em cima de uma pequena
pia no canto esquerdo do armário. Norberto examinou o quarto e pensou, é
modesto, é pequeno, mas como vou embora logo, este serve, e tem um bom preço!
Deu-se conta que tinha fome e, como a temperatura estava quente e ele vestia uma
jaqueta, resolveu mudar a camisa. Antes, como era seu hábito, desde criança,
abriu o armário para guardar a jaqueta. Na parte de trás do roupeiro, viu alguma
coisa se mexendo, sentou na cama e ficou estarrecido, olhando e olhando,
esfregou os olhos, pensou, estou cansado, estou sonhando, quando viu na sua
frente, uma cortina marrom no fundo do roupeiro se abrir e surgir uma moça
loura, com os olhos amendoados, vestida com uma leve camisola que a cobria até
os pés. Ela olhou para ele com um leve sorriso, sem falar. Norberto, também, não
conseguia falar, mudo, olhando para a moça que se sentou no móvel, colocando as
pernas cruzadas no chão do quarto, na frente do armário. Ele, sem conseguir
tirar os olhos dela disse gaguejando, num alemão quase que incompreensível: “Não
quer entrar ou ...acho melhor sair?” Ela levantou-se e sentou-se na cama ao lado
dele e perguntou de maneira suave, se ele estava com fome, que ela estava. Ainda
procurando se recompor, e querendo saber a verdade, como ela estava ali, como
tinha acontecido tudo. Ela murmurou baixinho, “Vamos comer!” E logo acrescentou:
“ Devo contar”? Norberto passou um mês nessa cidade e quando voltou ao Brasil,
teve que inventar diversas cidades que visitou em sonhos.
sábado, 20 de março de 2021
domingo, 20 de maio de 2012
PORTO ALEGRE
PRAÇA DA MATRIZ DOS JACARANDÁS FLORIDOS
Quem passou a infância na Praça da Matriz em Porto Alegre, não esquece jamais as brincadeiras no dragão e nos cachorros de bronze, andar de bicicleta no redondo e, sobretudo, os jacarandás floridos.
Palácio Piratini
Catedral Metropolitana
Teatro São Pedro
O CENTRO
Prefeitura
Rua da Praia
A Praça da Alfândega
Museu Iberê Camargo
Ponte de Pedra
Monumento aos Açorianos de Carlos Thenius
Centro Administrativo
OS PRÉDIOS DO CENTRO
Banco Nacional do Comércio atual Banco Santander
Correios e Telégrafos atual Memorial do Rio Grande do Sul
Alfandega atual Museu de Arte do Rio Grande do Sul Ado Malagoli
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